segunda-feira, 12 de maio de 2014

A IMPORTÂNCIA DA LEITURA

A IMPORTÂNCIA DA LEITURA
Thamirys D. Innocenti

“O leitor [...] precisa aprender a ler melhor para melhor aprender o que lê” (PERESSÉ, 2009, p.03). Ler melhor, essa é a questão chave, quando se tem em mente a formação do professor.
             Atualmente evidenciamos o mal estar docente nas escolar públicas e privadas, sentindo a falta de profissionalização pelos recém formados e desmotivação pela formação contínua pelos inseridos na profissão.
          Os professores da educação básica estão desmotivados com as condições de trabalho que enfrentam todos os dias, principalmente pela questão financeira, pois precisam enfrentar contraturnos para complementarem a sua renda familiar. Além dessa questão, podemos evidenciar as condições de trabalho que os docentes enfrentam, como por exemplo, escolas sem infraestrutura adequada, classes superlotadas, entre outras.
          Conforme Franco (2008) a classe profissional dos professores e pedagogos têm sofrido com o:
        [...] desprestígio social da profissão, com a descaracterização da identidade coletiva da classe, com as dificuldades inerentes ao próprio processo de ensino diante das sofisticadas demandas sociais. Há que se entender que o educador, nesse caminhar, encontra-se em profundas dissonâncias com a construção de seu papel social, de sua identidade profissional, de sua identidade como pessoa. Fazê-lo refletir sobre sua prática será por certo encaminhá-lo a analisar a construção/desconstrução/reconstrução de sua identidade profissional. (FRANCO,2008, p.121).

           Evidenciamos a necessidade/importância das leituras na formação contínua do pedagogo, tendo espaços/tempo propícios para o seu desenvolvimento. Porém não basta a leitura ser trabalhada de forma individual e/ou isoladamente. É preciso um trabalho pedagógico que assegurem-na, pois há a necessidade de se construir os conhecimentos advindos da interpretação pessoal e a ponte para esta construção é o diálogo entre seus pares.
Baseio-me em Franco (2008) quando considera como objeto da Pedagogia a reflexão, sendo um transformador da práxis educativa. Sem a reflexão por parte do docente no intuito de transformar, na reflexão por compreender, para conhecer e construir possibilidades de mudança das práxis, a escola se torna fria e as ações por parte dos docentes desconectadas e fragilizadas.
          A leitura tem como função proporcionar ao pedagogo a reflexão sobre a sua prática docente, porém a transformação na ação somente ocorrerá a partir da compreensão dos pressupostos teóricos que as organizam. A prática é considerada uma atividade sócio-histórica e intencional, mediante isso, deve ser constantemente redirecionada para que o docente atinja a responsabilidade social crítica que se propôs a desempenhar. 
Esse movimento de reapropriação da responsabilidade social docente, do compromisso político da profissão, produzirá um processo crescente de conscientização dos professores e dos gestores da prática pedagógica em relação à responsabilidade social e política da prática exercida cotidianamente. (FRANCO, 2008, p.126).
            
             A reapropriação da responsabilidade social docente deve por consequência fazer ressurgir a autonomia profissional. Autonomia esta que confrontada com a prática diária não se acomoda ou se aflige diante das dificuldades da prática, mas a questiona e visa à mudança. Mudar requer um esforço pessoal, deixando a outrora as estratégias de sobrevivência, buscando a mudança da sua própria perspectiva diante do mundo.

          Reporto-me novamente a Franco (2008) ao dizer sobre as dificuldades de mudanças na prática docente. A transformação das práticas ocorrerá a partir do momento que os próprios práticos construírem uma nova concepção dos próprios processos de ensinar e aprender, reconhecendo a partir da reflexão seus próprios limites e suas deficiências.

          Dentro das escolas brasileiras há espaços e tempos instituídos para que haja a reflexão com vistas à mudança das práticas docentes. Contudo a capacitação docente nos HTPC’s, conforme Franco (2008), não ocorre como se espera. A formação continuada desses professores é de responsabilidade do coordenador pedagógico da instituição, que tem como princípio possibilitar fundamentos teóricos (leituras pedagógicas) para promover a reflexão e auxiliar os docentes nos percalços da prática cotidiana. No entanto, essa tarefa é realizada de uma forma pontual e sem muitos fundamentos teóricos.
          Franco (2008) identifica que os coordenadores pedagógicos reconhecem que uma formação continuada para os docentes deve ser planejada, gradual, contínua e persistente; eu amplio e englobo a resistência, pelo fato dos mesmos reconhecerem que aturdidos por tantos assuntos extras a comentar, por tantas orientações a se passar, afirmam a falta de tempo para realizar a formação contínua.
          A leitura contínua propicia ao pedagogo reestruturar conceitos que aplica durante a prática docente. Franco (2008) acredita que:
        uma decorrência também importante desta consideração do pedagógico como instância de reflexão e de transformação das práticas escolares será a retomada pelos professores, educadores, do caráter da responsabilidade social da prática. Toda prática carrega uma intencionalidade, uma concepção de homem, de sociedade, de fins, e estes precisam estar claros para os que exercem a prática educativo-pedagógica, e também para os que são a ela submetidos, dentro de uma postura ética, essencial ao ato educativo. (FRANCO, 2008, p.128).

            
             A intencionalidade das ações dos pedagogos devem ser constantemente redirecionadas pela equipe pedagógica, no intuito de atingir a responsabilidade social a qual o profissional da educação se propôs a cumprir. O desconhecimento do docente para o seu valor social faz com que os mesmos e o coletivo percam suas capacidades autônomas (IMBERT,2003, p.73).
O autor Contreras (2002) salienta a perda da autonomia[1] por parte do professor, dando a conotação de proletarização, afirmando que o educador pautado em um trabalho docente de racionalização do ensino perde ao longo do tempo a sua concepção, execução, controle da prática, reflexão e o estímulo, depreciando o trabalho docente.
           A leitura tem como intencionalidade subsidiar o trabalho docente. Alerto, mais um vez, à necessidade de aportes teóricos que auxiliem na prática e na práxis, pois ao contrário do que esperamos para uma educação de qualidade, os pedagogos atualmente acabam por consequência, exercendo um papel de consumidor de pacotes do processo educativo, produzidos por especialistas. Dessa forma, o educador deixa de ser o ator principal, passando a ser coadjuvante do seu próprio ato de ensinar.
          Portanto, o docente tem o poder em suas mãos: a leitura. O pedagogo deve usufruir das leituras em benefício próprio, visando a melhoria do ensino e aprendizagem, tendo consciência do seu papel social. Em contrapartida, as instituições de ensino deve assegurar esses espaços para a formação contínua desses professores, visando o desenvolvimento da autonomia pessoal, a criticidade e reflexão do coletivo.
Bibliografia

CONTRERAS, José. A autonomia de professores. São Paulo: Cortez,2002.
FRANCO, Maria Amélia Santoro. Coordenação Pedagógica: uma práxis em busca de sua identidade. Revista Múltiplas Leituras, v.1, n. 1, p. 117-131, jan. / jun. 2008.
IMBERT, Francis. Para uma práxis pedagógica. Brasília: Plano Editora, 2003.
PERISSE, Gabriel. Para uma Definição de Leitura Educadora. Revista Notandum Libro, v. 12. 2009.





[1]  Contreras (2002) explicita que o conceito da palavra autonomia está ligado ao modelo de professor, sendo um especialista técnico, como um status ou como um atributo, no qual o mesmo deve ser reflexivo, um intelectual crítico e que resulte em um profissional com autonomia e emancipação.              

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